Revestimento cerâmico da capela-mor
Igreja e Hospital da Misericórdia de Viana do Castelo
[Viana do Castelo]
Número:
VC_VC_IgM0201
Designação:
Revestimento cerâmico da capela-mor
Tipo de Património:
Azulejo
Classificação:
Revestimento cerâmico\figurativo
Descrição:
Revestimento em tons de azul e branco, aplicado nas paredes laterais de remate semicircular e simulando uma estrutura arquitectónica que integra os elementos reais como portas e janelas. As representações de cenas da vida de Cristo e da Virgem estruturam-se em três níveis de leitura: o primeiro, coincidente com a porta, apresenta pilastras por entre as quais se observam as cenas figurativas, com transcrições bíblicas em cartelas inferiores e superiores. Estas últimas situam-se já ao nível da cartela que encima a porta e onde se observa uma composição com um poço ou uma fonte. No nível 3, delimitado externamente por barra, as composições figurativas são separadas pela janela central, com volutas, concheados, festões e remate com vasos floridos e anjos simulados em azulejo.


- 1719-00-00 | 1721-00-00 | Cerâmica\Século XVIII\Primeira metade\Ciclo dos Mestres [Revestimento]
Documentado - ARAÚJO - A Igreja da Santa Casa da Misericórdia [...]
- 1721-05-09 [Encomenda]
Proposta de transferência do túmulo de António Monteiro Maciel para a porta falsa, fronteira à porta da sacristia. Para tal foi necessário encomendar mais azulejos, sendo neste conjunto que se encontra a assinatura de Policarpo de Oliveira Bernardes (ARAÚJO - A Igreja da Santa Casa [...], p. 28)
- 1719-09-23 [Encomenda]
Data da sessão da Mesa da Misericórdia em que se informou sobre o valor dos azulejos - 2.000 cruzados -, que tinha sido pedido pelo engenheiro José da Silva Pais, em Lisboa, tendo por base a planta e as medições do engenheiro Manuel Pinto de Vila Lobos (ARAÚJO - A Igreja da Santa Casa [...], p. 21) | O elevado montante envolvido levou a que a Mesa e o definitório, certamente reunido propositadamente para deliberar sobre a questão, consultasse "os irmãos de maior ponderação, respeito e qualidade, que viviam principalmente nas suas quintas dos arredores" (ADVC, "Acordo q se faz pella Meza e definidores sobre de haver de azilejar a Igreja desta S. Caza", Livro dos Acórdãos, fls. 312 v. e ss. Cf. ARAÚJO - A Igreja da Santa Casa [...], pp. 38-40.), que se manifestaram unanimemente a favor da obra. Para além de invocar o revestimento cerâmico como "huma das principais circunstancias do adorno das Igrejas" (ibidem), a Mesa e o definitório aludiam ao custo que, apesar de considerável, acabaria por se revelar compensador se se tivesse em consideração a despesa anual com a armação da igreja e os estragos que daí advinham, os quais necessitavam, naturalmente, de reparação (CARVALHO - A Pintura do Azulejo [...], anexo B, p. 1279).
- 1719-00-00 [Encomenda]
Envio de orçamento detalhado dos azulejos para a igreja (ARAÚJO - A Igreja da Santa Casa [...], p. 28-29) | O primeiro cálculo enviado de Lisboa previa que seriam necessários dezasseis mil azulejos, número que os ajustes posteriores viriam a aumentar ligeiramente (ADVC, Livro das Obras da Igreja, fl. 43 e ARAÚJO - A Igreja da Santa Casa [...], p. 28-29).
- 1719-00-00 [Encomenda]
Despesas assinadas por Manuel Borges, mais precisas, indicando dezasseis mil e noventa e dois azulejos (ADVC, Livro das Obras da Igreja, fl. 44-44v e ARAÚJO - A Igreja da Santa Casa [...], p. 29-31).
- 1720-10-15 [Encomenda]
Data do seguro para o transporte dos azulejos - quarenta e oito caixotões -, que seguiram de barco, no patacho Nossa Senhora da Vitória, do Mestre Manuel Barbosa Vogado, sendo depois necessário transportá-los até à vila. O seguro salvaguardava assim o investimento da Misericórdia no caso de "fogo corssarios inimigos falços amigos e de retençois de Reis e Princepes e de todos os dannos que possão vir a cauzar" (ADVC, Livro das Obras da Igreja, fl. 46-46v e ARAÚJO - A Igreja da Santa Casa [...], p. 32)
- 1720-00-00 [Encomenda]
Encomenda dos azulejos para a capela-mor (dos quais sobraram cento e vinte, que foram aplicados no coro) (ADVC, Livro das Obras da Igreja, fl. 47v-48 e ARAÚJO - A Igreja da Santa Casa [...], p. 33-34) | Os azulejos vieram por terra e as despesas são muito pormenorizadas



[Parede 1, nível 1, secção 1]

[Parede 1, nível 1, secção 2]

[Parede 1, nível 2, secção 1]

[Parede 1, nível 3, secção 1]

[Parede 1, nível 3, secção 2]

[Parede 3, nível 1, secção 1]

[Parede 3, nível 2, secção 1]

[Parede 3, nível 3, secção 1]

[Parede 3, nível 3, secção 2]

Material
Matéria transformada\Produto cerâmico\Azulejo [Azulejo]
Técnica
Cerâmica de revestimento\Técnicas de decoração\Faiança\À mão livre [Azulejo]
Cor
Branco [Vidrado]
Azul [Pintura]

SIMÕES, João Miguel dos Santos - Azulejaria em Portugal no século XVIII. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1979.
MECO, José - O Azulejo em Portugal. Publicações Alfa, 1989.
SANTOS, Reynaldo dos - O Azulejo em Portugal. Lisboa: Editorial Sul Limitada, 1957.
MECO, José - António de Oliveira Bernardes. Dicionário da Arte Barroca em Portugal. Lisboa: Ed. Presença. 1989. pp. 79-81.
MECO, José - Policarpo de Oliveira Bernardes. Dicionário da Arte Barroca em Portugal. Lisboa: Ed. Presença. 1989. pp. 83-84.
SMITH, Robert C. - The Art of Portugal 1500-1800. London: Weidenfeld and Nicolson, 1968.
SERRÃO, Vítor - História da Arte em Portugal - o Barroco. Barcarena: Editorial Presença, 2003.
MECO, José - Azulejo. Arte Portuguesa da Pré-História ao século XX. Vol 13. Lisboa: Fubu editores. 2009. pp. 111-142.
SIMÕES, João Miguel dos Santos; CÂMARA, Maria Alexandra Gago da - Azulejaria em Portugal no século XVIII. Edição Revista e Actualizada. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2010.
CARVALHO, Rosário Salema de - A pintura do azulejo em Portugal [1675-1725]. Autorias e biografias - um novo paradigma. Tese de Doutoramento em História da Arte. Lisboa: Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 2012.
ARAÚJO, José Rosa de - A Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo. 2ª ed. Edição. Viana do Castelo: Santa Casa da Misericórdia de Viana do Castelo, 1983.
I Congresso das Misericórdias do Alto Minho. Viana do Castelo: Centro de Estudos Regionais, 2001.

GONÇALVES, Flávio - As obras setecentistas da Igreja de Nossa Senhora da Ajuda de Peniche e o seu enquadramento na arte portuguesa da primeira metade do século XVIII. Boletim Cultural da Assembleia Distrital de Lisboa. Lisboa. 88 (III série) : Assembleia Distrital de Lisboa. (1982), pp. 5-53.
GONÇALVES, Flávio - As obras setecentistas da Igreja de Nossa Senhora da Ajuda de Peniche e o seu enquadramento na arte portuguesa da primeira metade do século XVIII. Boletim Cultural da Assembleia Distrital de Lisboa. Lisboa. 89 (III série) : Assembleia Distrital de Lisboa. (1983), pp. 245-270.

- Rui Carvalho (2015-04-24, Levantamento fotográfico)
- Rosário Salema de Carvalho (2015-06-30, Investigação e inserção de dados no âmbito da tese - A pintura do azulejo em Portugal [1675-1725] [...])